quarta-feira, 4 de maio de 2011

O Guerreiro da Escuridão - Parte 1/3

O NERD METALEIRO

Qual nerd irá dizer que o heavy metal não faz parte de sua vida. Mesmo que você não seja um aficcionado, todo nerd é, inevitavelmente, um pouco headbanger. Nesta coluna irei escrever sobre algumas das principais bandas de heavy metal (ou não) do mundo, aquelas que todo nerd deveria conhecer. E não, não vou escrever sobre Helloween...

O Guerreiro da Escuridão (parte 1/3):

Thomas Gabriel Fischer, ou Tom Warrior, é um dos maiores nomes do metal extremo mundial. Nesta coluna, você conhecerá sua carreira, sua obra, e sua influência.

O heavy metal sempre foi um estilo musical dado à excessos. O ímpeto para romper barreiras, quebrar preconceitos e causar aversão e estranheza sempre foi uma peça fundamental durante toda a história da música extrema. Novas atitudes e sons mais extremos surgem a cada dia, muitas vezes protagonizados por jovens mal saídos da escola e com severas limitações técnicas em relação à música que fazem. Na música, porém, a criatividade muitas vezes suplanta a técnica, e são essas atitutes que tornam o heavy metal um estilo imortal.

A palavra e o som do heavy metal surgiram no underground, numa época onde não existia a internet, as redes sociais e o download ilegal, numa época onde o estilo era mantido por jovens ávidos por novidades que trocavam fitas cassete contendo os sons mais sujos e pesados que podiam achar. E é no underground que o estilo se mantém e se renova a cada dia.


No início da década de 80, a Inglaterra foi o celeiro para o surgimento de inúmeras bandas que almejavam um som cada vez mais rápido e pesado, e que muitas vezes produziam suas próprias demos no melhor estilo "faça-você-mesmo", por falta de apoio das gravadoras já estabelecidas. As bandas dessa Nova Onda do Heavy Metal Britânico (NWOBHM), entre elas o Judas Priest, o Iron Maiden e o Saxon, logo alcançaram o sucesso e espalharam sua música pelo mundo inteiro.
Seus fãs copiavam seu estilo de se vestir, colecionavam suas fitas, cantavam as suas músicas, e desfrutavam da experiência máxima do heavy metal indo aos seus shows. Essa bandas percorriam a Europa e a América do Norte em turnês cada vez mais longas e mais bem produzidas.

Isso não era o suficiente para os amantes do heavy metal. Aqueles que viviam no underground, que respiravam para garimpar fitas novas, estavam sempre buscando o que havia de mais extremo na cena. E eles tinham o Venom. Despejando um som perturbador, distorcido e rápido, misturado à referências ocultistas e permeado por maldade, o Venom lançou os álbuns Welcome To Hell (1981) e Black Metal (1982), que lançariam as bases para um novo estilo dentro do metal, um estilo a ser temido e adorado pelos headbangers.


Nesse cenário apareceu então o suíço Thomas Gabriel Fischer. Influenciado pelos sons de Black Sabbath e Venom, Fischer mudou seu nome para Tom Warrior, e junto com o baixista Steve Warrior (Urs Sprenger) e o baterista Pete Stratton (que logo seria subtituído por Bruce Day), fundou o Hellhammer em 1982. O Hellhammer era extremamente limitado tecnicamente, e seus membros sabiam disso. No início, a banda imitava o que o Venom fazia, incluindo a barulheira e os nomes artísticos pretensamente satânicos. Sua criatividade e força de vontade, no entanto, foram suficientes para levar a banda adiante.

Em 1983, mesmo enfrentando dificuldades terríveis para ensaiar, compor e gravar, o Hellhammer lançou sua primeira demo de baixo orçamento, Triumph Of Death. Mesmo cientes da péssima qualidade das músicas, os suíços enviaram fitas para várias revistas especializadas em heavy metal da Europa e para algumas gravadoras. As opiniões sobre sua música foram as mais variadas possíveis. Apesar de algumas críticas favoráveis, o grupo também recebeu críticas como a da revista inglesa Metal Force: "Tudo o que posso dizer é que essa é uma banda de otários a fim de levar porrada".

Tom Warrior, porém, não desistiu. Num estilo onde a rebeldia e a quebra das normas impostas serão sempre valorizadas, as críticas negativas, ao invés de destruírem o Hellhammer, angariaram ainda mais fãs para a banda, ao redor de todo o mundo. O Hellhammer continuou acreditando no que fazia e trabalhando arduamente, e ainda em 1983 lançaram outras duas demos: Death Fiend e Satanic Rites.

Os suíços não estavam sozinhos nessa empreitada musical. Os sons que os influenciaram já havia dominado o mundo todo, e várias bandas beberam da mesma fonte. O Hellhammer, assim como a banda sueca Bathory, os gregos do Rotting Christ e os alemães do Sodom, haviam dado o próximo passo para o surgimento e consolidação do sombrio Black Metal. Mesmo no Brasil, essa onda não passou desapercida, e por aqui tivemos o surgimento de bandas como o Sepultura e a bizonha Sarcófago.


Em 1984 o Hellhammer compilou seu primeiro EP, o Apocalyptic Raids. Os elementos que revolucionariam o metal extremo estavam presentes nesse lançamento: os riffs potentes e pesados, as estruturas intrincadas, e os grunhidos de Warrior. O Hellhammer havia se tornado um dos maiores nomes da cena underground mundial. A essa altura, o baixista Steve Warrior havia sido substituído por Martin Eric Ain (Martin Stricker), e os membros da banda estavam levando sua música cada vez mais a sério. O Hellhammer e seus conceitos simples passou a limitá-los na busca por um som mais refinado e responsável, à medida que aumentavam suas capacidades técnicas e criativas. Foi natural então que no final de maio de 1984 o Hellhammer deixasse de existir.

Seu legado, no entanto, era muito grande para ser ignorado, e o fim do Hellhammer não significou, nem de longe, o final da carreira de Tom Warrior. (Continua...)

2 comentários:

  1. Metal não faz parte da minha vida e eu não sou nem um pouco headbanger. E acredito eu que existe pelo menos uma tonelada de nerds que assim como eu não são muito cehgados no estilo. Mas o texto ta bem escrito e cheio de informação legal pra quem curte essa coisa toda, eu até passei a entender um pouco de umas coisas que meus amigos conversam as vezes e não faziam sentido nenhum pra mim...

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