terça-feira, 31 de maio de 2011

O Nerd Metaleiro - Angra (1/2)

Qual nerd irá dizer que o heavy metal não faz parte de sua vida. Mesmo que você não seja um aficcionado, todo nerd é, inevitavelmente, um pouco headbanger. Nesta coluna irei escrever sobre algumas das principais bandas de heavy metal (ou não) do mundo, aquelas que todo nerd deveria conhecer. E não, o Hashura não curte metal...

Hoje, o Nerd Metaleiro irá falar um pouco para vocês sobre umas das maiores bandas nacionais de heavy metal: o Angra. Depois de uma carreira de mais de vinte anos, o Angra já carrega sete álbuns de estúdio e uma vasta popularidade entre os fãs do estilo, tanto no Brasil quanto na Europa e Japão. Além disso, o Angra está inserido no sub-gênero do metal preferido por 9 entre 10 nerds metaleiros.

Na década de 80, surgia na Europa uma vertente do metal que bebia da fonte do NWOBHM, porém inseria no estilo uma abordagem mais melódica, frequentemente com arranjos orquestrais, e letras mais leves do que o usual, incluindo referências à fantasia medieval, magia, e outras coisas igualmente nerd-errepegísticas. Essa nova vertente, o power metal, ou metal melódico, como passou a ser conhecida no Brasil, era capitaneada por bandas como Helloween e Stratovarius, e alcançou relativa popularidade no mainstream devido à sua fácil assimilação pelo público em geral.
Tentando aproveitar o embalo do power metal, alguns músicos brasileiros se uniram, sob a benção do empresário Toninho Pirani, e formaram uma banda que agregaria ao estilo uma certa identidade brasileira. Formado inicialmente por Andre Matos (vocal, antes no Viper), Rafael Bittencourt e Kiko Loureiro (guitarras), Luís Mariutti (baixo) e Marco Antunes (bateria), surgia em 1991 o Angra. Depois de lançarem o EP Reaching Horizons em 1992, o Angra viajou para a Europa, onde gravariam seu primeiro álbum.

Angels Cry foi lançado em 1993. Marco Antunes já havia saído da banda nessa época, e apesar de a bateria ter sido gravada por músicos convidados, era Ricardo Confessori quem aparecia nos encartes. Esse álbum é uma combinação certeira do heavy metal melódico com elementos de música clássica, coroados pela interpretação e técnica vocal impressionantes de Andre Matos. A introdução 'Unfinished Allegro' inicia o álbum com um arranjo clássico, e é seguida por uma das melhores faixas do Angra até hoje: 'Carry On'. Incentivando o ouvinte a seguir a vida sem olhar para trás, e assegurando a existência de um significado para tudo, Carry On é um hino empolgante, com um refrão grudento, vocais terrivelmente agudos e um double-tapping no baixo que deixa qualquer metaleiro arrepiado.
Depois de 'Time', mais um clássico: a música que dá nome ao álbum, 'Angels Cry', um tema vibrante e enérgico. 'Stand Away' e 'Never Understand' dão continuidade ao trabalho, trazendo mais do mesmo heavy metal com arranjos clássicos, sem perder o peso e a empolgação. 'Wuthering Heights' (pura farofa) vem em seguida. 'Streets of Tomorrow' mostra o quão afinada era a dupla de guitarristas desde o primórdio da banda, com um solo veloz e certeiro. 'Evil Warning' segue mostrando a versatilidade de Andre Matos e a competência da banda como um todo, e 'Lasting Child' encerra com sucesso o primeiro passo da banda em direção ao reconhecimento mundial.

Já com certo reconhecimento na cena, principalmente no Brasil e no Japão, e com Confessori definitivamente na bateria, o Angra lançou em 1996 seu segundo álbum de estúdio: Holy Land. Sem deixar de lado os elementos clássicos que já haviam se tornado uma característica da banda, Holy Land incorpora ao seu som ainda mais elementos tipicamente brasileiros.
Artisticamente, este é um álbum conceitual que retrata o Brasil na época do descobrimento, e a situação dos colonizadores europeus na mesma época. A música de maior destaque deste álbum, e também a mais pesada, é 'Nothing to Say'. A longa 'Carolina IV' e a balada 'Make Believe' também merecem seu destaque. No mais, apesar de sua qualidade inegável, esse álbum peca por deixar o peso e a energia de Angels Cry de lado em nome da percussão mais criativa e pela dramaticidade excessiva nos vocais de Andre Matos.
O Angra continuou sua escalada rumo ao sucesso, e depois de tocar por toda e Europa, lançou em 1998 o álbum que retomaria o direcionamento mais direto e pesado da banda: Fireworks. A percussão típica brasileira está lá, assim como a música clássica, porém o que mais se destaca são as guitarras e os longos e ultra-velozes solos da dupla Bittencourt-Loureiro. Destaque para 'Speed' e 'Metal Icarus', e também para a melancólica 'Lisbon'.

Infelizmente, durante a turnê de Fireworks, os membros da banda tiveram sérios problemas com o empresário Toninho Pirani. Devido aos conflitos internos e ao clima pesado que se seguiu, a banda se separou em 1999, e não produziu nada até sua completa reformulação em 2001. Os discos gravados com a nova formação retomaram a excelência do Angra no heavy metal, e reforçaram sua popularidade na cena. Estes novos trabalhos serão assunto para o próximo Nerd Metaleiro. Até lá.

11 comentários:

  1. Agora me sinto devidamente informado sobre o Angra ^^.

    Eles deviam ter um cd chamado Holocausto né? Combina com Angra dos Reis :P

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  2. Uhul, é isso ae, eu não curto Metal \o/
    Um dia vou escrever um post falando sobre essa minha encanação com metal.

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  3. O baterista que gravou o Angels Cry é o rhapsodiano Alex Holzwarth, na época era do Sieges Even, salvo engano, contato do produtor Sascha Paeth (Heavens Gate).
    Na música never understand tbm houve participação nos solos de guitarra (sascha paeth, kai hansen, não tenho ctz agora de cabeça mas acho que o Piet Silck)

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  4. Considero o segundo parágrafo que fala do power metal e do metal melódico problemático e discutível! Vou dizer o que penso a respeito!

    Apesar do power metal e o metal melódico mtas vezes se relacionarem, são estilos diferentes, com especificidades.
    Para falar das bandas que contribuem para essa confusão, é só citar a carreira do Helloween e do Blind Guardian, bandas que em seus primeiros discos (o BG mais alguns além do primeiro) tocavam um genuíno power metal sem frescuras. O Helloween do Keepers pra frente praticamente inventou o jeito melódico de tocar heavy metal (em detrimento do power metal genuíno). Os discos recentes do blind guardian tbm são escandalosamente melódicos. Porém, o power metal não necessariamente é metal melódico, embora o metal melódico tenha bebido muito (e se fundido) dessa (nessa) fonte. O power metal dos anos 80 era mto mais próximo do heavy tradicional, só que tocado mto mais rapido (Grave Digger, por exemplo..).
    Enfim, se vc chegar em um festival underground falando isso provavelmente vai irritar os bangers que são fã do truepowermetalfromhell.

    "Popularidade no mainstruem por sua fácil assimilação" tbm acho um certo determinismo problemático. Bandas pioneiras em seus estilos, talentoas, e com grande suporte de marketing/produção entram no mainstream independente de ser um melódico mais leve e "assimilável" ou um som tipo o Metallica, Slayer. Aliás, o new metal é apelosamente assimilável e não é nenhum pouco leve (nem metal).
    Por ser algo relativamente novo o melódico teve um "boom" nas gravadoras nos anos 90, mas discordo que seja pelo fato de ser levinho e "assimilável". Mtas das milhares de bandas-cópia do angra/helloween/stratovarios/nightwish não saíram do ostracismo, nunca chegando ao mainstream.

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  5. Bom, como eu não entendo muito do assunto eu vou fazer uma pergunta pro Bonora...
    João Ramalheition é Power Metal ou Metal Melodico?
    HAHAHAHAHAHA

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  6. KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK


    É metal alcólico!

    Soooo carry on is joãoo ramalheeeitionnn

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  7. na parte 2 do background ae o rafael vai cornetar o desastre vocal que o edu falaschi se tornou e o total FAIL do confessori tentando tocar as músicas mais rapidas da fase do aquiles?
    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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  8. Epic Comments atrasados em 3, 2, 1:

    O Angels Cry foi gravado no estúdio do Kai Hansen na Alemanha. Eles gravaram esse álbum com os maiores nomes do metal europeu. O baterista convidado foi esse mesmo que o Bonora, só não tocou na última música, mas eu não coloquei os nomes porque achei que não interessaria muito (e porque eu não conheço o trabalho desses caras).

    Sobre essa discussão power x melódico, eu devo ter falado merda mesmo. A verdade é que eu tenho uma grande implicância com Helloween, Stratovarius, Gamma Ray e cia, então não conheço muito sobre essa cena, só os nomes mesmo. Nada contra o povo do power, mesmo porque a importância/relevância dessas bandas na cena durante a década de 90 não pode ser negada. Mas Helloween não desce. :P

    A porpósito de nomenclaturas, power metal tem um significado diferente na europa e na américa do norte. Bandas como o Metallica no começo eram chamadas de power metal, mas a cena no Brasil é mais semelhante à européia, que focou mais nas melodias e arranjos de teclado.

    Sobre serem assimiláveis, ainda mantenho minha opinião. O suporte do marketing só ocorreu porque grandes graavdoras apostaram num estilo mais 'alegre', em detrimento de outros gêneros que surgiram mais ou menos na mesma época, como o Death do Cannibal Corpse e Deicide, que nunca saíram (nem saírão) do underground.

    Enfãm, preparem seus comentários raivosos para o próximo post. Vou dar spoilers: Rebirth OWNA. E apesar de tudo, Aurora Consurgens é meu álbum favorito.

    Beigos

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  9. Os empresários da música certamente pensaram em vários elementos dos estilos que decidiram investir seu dinheiro.

    O que quis dizer é na prática, o melódico "alegre" e mais leve não é exatamente mais assimilável comercialmente falando. Tocar melódico nos anos 90 não era garantia de mainstream. Só os poucos grandes nomes tinha maior suporte da mídia e gravadoras, coisa que o Cannibal Corpse tem de sobra a um bom tempo!

    Já acho lixos como o Slipknot extremamente assimilável e apelativo, e nem é algo alegre e melódico.

    Acho bandas como o Cannibal Corpse sairam sim do underground
    É banda cara, representada na mídia, famosa no mundo inteiro. São estrelas do metal mundial, assim como o Helloween.
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    Manow, espero que vc não me leve a mal! Gosto dos seus posts! Minha intenção é fazer a troca de idéias mesmo, pq tbm sou mto envolvido com esse assunto!!
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    Aurora Consurgens é mto bom (principalmente para os ouvidos de guitarristas), o foda do angra dessa fase é a performance ao vivo.. ae sim é total fail kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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  10. Então, Cannibal Corpse e Deicide venderam e ainda vendem muito, assim como Helloween, mas vira e mexe seus álbuns são censurados por aí por seus conteúdos apelativos e bizonhos. E são bandas que, por mais famosas que sejam, sempre se sustentaram com sua base de fãs no underground. Mas enfim. Sobre nu-metal é melhor nem comentar, são álbuns do tipo ame-ou-odeie.

    E não to levando a mal, não, cara. Pelo contrário. Eu ainda estou postando sobre metal num site nerd, e espero que o número de pessoas que leram o texto inteiro (como você) só aumente, pra que a gente possa ter discussões cada vez mais encarniçadas por aqui. E a gente sabe que nego que curte metal, não se contenta só em ouvir as músicas e ficar por aí. Tem que discutir, avaliar e questionar a qualidade e importância de cada trabalho lançado. É isso que torna o metal divertido.

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